Ata do Copom impõe condições para início de corte de juros

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São Paulo, 06/09/16 – O Banco Central divulgou hoje a ata da última reunião, realizada nos dias 30 e 31 de agosto, que decidiu manter a taxa de juros inalterada em 14,25% ao ano. O Comitê de Política Monetária (Copom) condicionou explicitamente os fatores que espera para iniciar o processo de flexibilização monetária, de modo a assegurar com maior confiança o alcance da meta de inflação de 4,5% em 2017.

Os fatores mencionados são: i) persistência dos choques de alimentos na alimentação seja limitada; ii) componentes mais sensíveis à política monetária e a atividade econômica indiquem desinflação em velocidade adequada; e iii) redução da incerteza sobre aprovação e implementação do ajuste fiscal.

O comitê conclui que nenhum dos fatores constitui condição necessária ou suficiente para flexibilização das condições monetárias. Ou seja, não adianta que uma das medidas seja satisfeita, mas, sim, todas as condições mencionadas indiquem que não prejudicarão no processo de desinflação em curso.

Cabe destacar que o Copom informou o que espera com redução das incertezas associadas ao processo de ajuste fiscal. Segundo o documento, “os riscos se apresentariam caso houvesse percepção de que os ajustes seriam abandonados ou postergados significativamente”. O que implicaria  maior custo desinflacionário para a economia brasileira. Mas, ressalta que, se aprovados, podem trazer ganhos de expectativa.

Por fim, o documento traz as projeções do modelo do Banco Central para a inflação deste ano e de 2017. Para 2016, tanto no cenário de referência como de mercado  a inflação subiu para 7,3%. Para 2017, no cenário de referência, o modelo do Banco Central indica que a inflação deve convergir para 4,5%; entretanto, no cenário de mercado, o modelo ainda traz inflação acima da meta, em 5,1%.

Os membros do comitê reforçaram que a desinflação em curso tem procedido em velocidade aquém do desejado. Embora reconheçam haver progresso nas expectativas e projeções para horizontes mais longos.

Em resumo, a ata explicita de forma mais clara o que pensam os membros do Copom. O ponto principal foi o de explicitar os condicionantes para que se inicie o processo de flexibilização monetária, com destaque para a questão fiscal.

Assim, dado o texto apresentado hoje, é pouco provável que o ciclo de redução de juros se inicie já na reunião de outubro, pois o governo teria, a partir de hoje, menos de 45 dias para mostrar que conseguirá aprovar a PEC de limitação de gastos sem grandes modificações em seu texto principal, fato que parece pouco provável dada as notícias vinculadas hoje mesmo nos jornais, que indicam haver resistências dentro da base de apoio do governo ao texto original da medida.

A impressão é que levará algum tempo para se chegar no texto final, inclusive devido ao período de eleição municipal. Dessa forma, o mais provável é que apenas em novembro as condições mencionadas pelo Copom estejam melhor encaminhadas, o que faria o comitê iniciar o ciclo de redução de juros e a Selic encerrar o ano em 13,75% ao ano.

(Luiz Castelli – luiz.castelli@goassociados.com.br)

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