São Paulo 07/10/2016 – O congelamento da tarifa dos ônibus em 2017 previsto pelo prefeito eleito João Doria (PSDB) pode afetar obras de diferentes áreas da cidade de São Paulo. A quantia prevista para investimentos gerais da prefeitura em 2017 seria de R$ 5,8 bilhões, calculada pela gestão Haddad sem levar em conta a manutenção da tarifa em R$ 3,80, segundo matéria publicada pelo jornal A Folha de S. Paulo.
Com a promessa do tucano, os recursos para obras podem cair R$ 1 bilhão. “Com esse dinheiro poderia construir o corredor da Radial Leste, o da [av.] 23 de Maio. De 25 km a 30 km de corredores”, diz o consultor em transporte Horácio Figueira. “O que é melhor para a sociedade? Economizar alguns centavos por dia ou ter melhoria concreta?”
Hoje, diferentes obras de mobilidade prometidas por Haddad estão paradas por falta de verbas. O dinheiro federal que a gestão petista contava não chegou, e, como o presidente Michel Temer (PMDB) promete apertar ainda mais o cinto, os municípios terão que andar com as próprias pernas se quiserem melhorar a infraestrutura.
De acordo com a matéria da Folha, o reajuste da tarifa de ônibus costuma ocorrer de forma simultânea aos do trem e do metrô (estaduais). No próximo, Geraldo Alckmin (PSDB) deverá aplicá-lo sozinho.
O consultor Sergio Ejzenberg, mestre em transportes pela Poli-USP, também critica a decisão do prefeito eleito. Segundo ele, só é possível congelar uma passagem no caso de cortes de custos por meio da reorganização do sistema. Atualmente, diz, há desperdício no sistema.
“Hoje há ônibus superarticulados [com capacidade para 200 passageiros] andando em ruazinhas. Esses ônibus são feitos para transportar grande capacidade de pessoas, aí eles se pagam”, diz Eizenberg.
Em São Paulo, a arrecadação com a tarifa é suficiente para bancar perto de 70% dos custos do sistema. O restante é coberto com subsídios.
David Abreu – david.abreu@goassociados.com.br