Excesso de reservas internacionais pode ser usado para aplicação em debêntures de infraestrutura, afirma Gesner Oliveira

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São Paulo, 25/10/2016 – Sob diferentes métricas, observa-se que o Brasil apresenta excesso de reservas em dólar. Parte delas poderia ser utilizada pelo governo para ajudar no financiamento de obras de infraestrutura, um dos gargalos que reduzem a competitividade das empresas brasileiras, segundo o economista Gesner Oliveira, sócio da GO Associados. “Para minimizar os impactos negativos sobre o setor exportador brasileiro da tendência recente de queda do dólar, é fundamental que o governo reduza o chamado Custo Brasil e, para isso, é preciso investir em infraestrutura”, afirmou Gesner em sua coluna na rádio Bandeirantes, hoje pela manhã.

Segundo ele, há algumas propostas que envolvem o uso de parte das reservas internacionais. O Brasil está com mais de US$ 370 bilhões em reservas internacionais. Graças a um ambiente internacional de preços elevados das commodities, foram acumuladas principalmente durante os anos de 2006 a 2011. Para Gesner, manter um elevado volume de reservas é positivo, pois ela funciona como um seguro contra choques externos. Contudo, “tudo que traz um benefício, gera um custo”, lembra.

“O custo de carregamento das reservas é bastante elevado, este ano deve ficar na casa de 2,4% do PIB, dada a diferença entre os juros no Brasil e nos EUA”, afirmou. O governo brasileiro paga o preço da taxa de juros básica Selic em sua dívida e ganha algo próximo de zero aplicando suas reservas.

De acordo com o sócio da GO Associados, o Brasil apresenta excesso de reservas, sob diferentes métricas. “As reservas equivalem a cerca de 20% do PIB, enquanto o recomendado é que fique em torno de 10 a 15%. Ou correspondem a 313% da dívida externa de curto prazo, enquanto o recomendado é de 100%. Ou ainda cobrem mais de 16 meses de importações de bens e serviços, enquanto o sugerido é de apenas três meses”, afirmou. Desse modo, disse, “na métrica mais conservadora, o país possui cerca de US$ 92,2 bilhões em excesso de reservas ao montante recomendado”.

Segundo ele, há pelo menos três aplicações que contribuiríam para o ajuste da economia. Uma primeira seria quitar a dívida pública, reduzindo os gastos com juros e diminuindo o déficit nominal. A segunda seria criar um fundo de hegde cambial para as empresas que tomassem recursos do exterior para financiar as obras do PPI. O excedente de reservas seria o lastro de tal fundo. Uma terceira proposta, destacou, “seria a criação de um fundo soberano nacional voltado para a aplicação em títulos de dívida de longo prazo para projetos de infraestrutura, como as debêntures de infraestrutura”.

Rafael Oliveira – rafael.oliveira@goassociados.com.br

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