São Paulo, 08/09/2016 – Para viabilizar a recuperação da economia será preciso coragem para bater de frente com os interesses corporativos e promover o ajuste fiscal. Esta é a opinião do economista Gesner Oliveira, sócio da GO Associados. Em sua coluna na rádio Bandeirantes, hoje pela manhã, o economista falou sobre as consequências dos juros altos e qual a perspectiva para o início do processo de queda em um cenário de eleições municipais.
“Realisticamente, a incerteza em relação ao ajuste fiscal vai persistir por mais algum tempo, pelo menos até o final do ano”, afirmou Gesner. Para ele, mesmo na hipótese desejável de o Governo Temer priorizar o ajuste e não ceder à tentação de adiá-lo em função das eleições municipais, a resistência do Congresso será grande.
“O próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia, declarou que o envio da proposta de reforma da Previdência antes das eleições municipais seria inócuo”, afirmou. Assim, diz Gesner, “parece realista supor que não haveria tempo hábil para aprovar medidas concretas aprovadas pelo Congresso antes da próxima reunião do Copom, que ocorrerá em outubro”.
Portanto, é bem provável que os juros permaneçam no atual patamar elevado pelo menos até a reunião de novembro. Segundo Gesner, os juros altos trazem algumas consequências para a economia. “Primeiro, não dá para supor uma recuperação rápida com juros tão altos. Com o juro alto há uma pressão adicional para o preço do dólar não subir tanto, que é bom para quem quer dólares para viajar ou importar bens estrangeiros, mas é ruim para nossas exportações industriais”.
“Além disso, as várias aplicações de renda continuam atraentes; o mercado imobiliário continua deprimido e os custos financeiros das empresas e das famílias endividadas se mantêm elevados”, completou. Para Gesner, o Governo Temer terá de ter coragem para enfrentar os interesses corporativos e bater de frente com o Congresso para promover o ajuste fiscal.
Rafael Oliveira – rafael.oliveira@goassociados.com.br
