São Paulo, 29/11/2016 – Empresários de obras públicas estão um pouco mais otimistas com a retomada do setor, na perspectiva de uma melhora da economia no curto e médio prazos. Levantamento da Associação Paulista dos Empresários de Obras Públicas (Apeop) feito pela consultoria GO Associados mostra que 14,3% dos empresários têm expectativa de melhora no curto prazo (próximos três meses), ante 8,7% em julho, segundo matéria publicada no Jornal Valor Econômico.
Em entrevista ao Jornal Valor Econômico, o presidente da Apeop, Luciano Amadio disse que a percepção é “pura expectativa” com as medidas do novo governo, dado que as obras públicas não retomaram e os projetos estruturantes de concessões do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) ainda nem tiveram seus editais lançados.
“A pesquisa reflete muito mais o sentimento do que uma realidade econômica, em função do que o governo está fazendo em termos de sanear as contas públicas, redução de despesas, reformas necessárias. Estamos vendo sinais do que vai acontecer. Concessões, parcerias, melhora de condições de financiamento”, lista Amadio.
O sócio-diretor da GO Associados, Gesner Oliveira, pontua que existe um pouco mais de clareza em relação aos programas de parcerias e concessões do governo atual. “Mas é razoável supor que projetos de longo prazo, que exigem uma estruturação, ainda gerem dúvidas, sobretudo como assegurar um project finance ou melhorar o sistema de garantias”, diz. O Planalto promete lançar ainda neste ano os editais de aeroportos e de portos listados no PPI.
“É melhor que haja menos projetos mas mais bem estruturados do que longas listas de projetos sem um estudo detalhado”, afirma Oliveira, numa referência a programas como o PAC (de grandes obras estruturantes) e o PIL (de concessões), que tiveram projetos que nunca saíram do papel.
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Veja pesquisa completa:
Os empresários de obras públicas estão mais otimistas em relação à economia e a seus negócios para os próximos 12 meses. Pesquisa realizada em outubro pela Apeop, em parceria com a GO Associados, mostra que há um sentimento de que as dificuldades hoje são menores em relação a julho deste ano, quando foi realizado o levantamento anterior. Os empresários apostam que as receitas vão crescer no futuro, principalmente num prazo de 12 meses.
A percepção otimista, porém, ainda é para o médio prazo (12 meses), o que já havia sido indicado na pesquisa anterior. No curto prazo, nos próximos três meses, os empresários ainda estão mais cautelosos e não esperam grandes mudanças no atual quadro de dificuldades do setor. De toda forma, caiu a proporção dos empresários que esperam que a economia e o setor piorem no curto prazo, indicando que, apesar das dificuldades atuais, a perspectiva é que o pior está ficando para trás.
É bastante provável que este resultado esteja ligado ao tempo necessário para que as recentes mudanças nas políticas econômicas que o país atravessa tenham efeito real sobre a economia. No curto prazo, sem grandes medidas esperadas na área econômica, a maioria dos empresários não espera melhora.
A eleição de João Dória para a prefeitura de São Paulo também é vista como uma notícia positiva pelos empresários paulistas de obras públicas. Conforme a pesquisa, cerca de 50% dos executivos acreditam que, com Dória na Prefeitura paulistana, o mercado de obras públicas ampliará as oportunidades no setor.
Há também uma expectativa do setor de que o governo federal, no médio prazo, dê andamento a um amplo processo de concessões de obras de infraestrutura.
Abaixo, detalhamos cada um dos pontos abordados no levantamento da Apeop, realizado durante o mês de outubro.
1. Empresários mais otimistas com o futuro da economia brasileira
Para a maioria dos empresários de obras públicas de São Paulo, 64,3% da amostra, as expectativas com relação à economia brasileira melhoraram ou melhoraram muito para os próximos 12 meses (médio prazo), como pode ser visto no Quadro 1. Em julho essa porcentagem havia sido de 60,8%.
Quadro 1: Expectativas em relação à economia [próximos 12 meses]
Entretanto, tal comportamento continua não sendo observado no curto prazo (próximos três meses), quando 64,3% dos empresários não viram suas expectativas se alteraram, um aumento de 12,1 pp em relação a julho (52,2%), como mostra o Quadro 2.
O ponto positivo é que caiu 10,3 pp, de 17,4% para 7,1%, a proporção de empresários que viram suas expectativas piorarem para os próximos três meses, indicando que apesar das dificuldades que atravessa o país, a perspectiva é que o pior está ficando para trás.
Quadro 2: Expectativas em relação à economia [próximos 3 meses]
2. Expectativas para o setor no curto prazo se mantêm inalteradas
A grande maioria dos empresários (78,6%) mantiveram suas expectativas em relação ao setor de obras públicas no curto prazo (próximos 3 meses), como pode ser observado no quadro 3.
Quadro 3: Expectativas em relação ao setor [próximos 3 meses]
Em outubro, dos empresários que responderam à pesquisa, apenas 7,1% viram suas expectativas piorarem (ou muito) para os próximos 3 meses, ante 30,4% (somadas as duas previsões, de 21,7% e 8,7%) de julho, indicando que a percepção de que o pior está ficando para trás deve acontecer com o setor também.
No longo prazo, essas expectativas tiveram poucas alterações, conforme o Quadro 4.
Quadro 4: Expectativas em relação ao setor [próximos 12 meses]
3. Expectativas para as empresas seguem ligeiramente melhores
Já as expectativas em relação ao futuro das empresas mostram números mais otimistas para o médio prazo (próximos 12 meses), como pode ser visto no Quadro 5. Para 57,1% dos empresários, as expectativas em relação à sua empresa melhoram (ou melhoraram muito). Isto representa um aumento de 13,7 pontos percentuais em relação ao total de empresários que responderam da mesma forma na pesquisa de julho (43,4%).
Quadro 5: Expectativas em relação à empresa [próximos 12 meses]
Para o curto prazo, 57,1% dos entrevistados não sinalizaram mudanças em suas expectativas na pesquisa realizada em outubro, ante os 60,9% da pesquisa de julho. Dos que veem uma melhora no curto prazo sobre a situação da empresa, houve ligeira melhora, saindo de 17,4% na pesquisa realizada em julho para 21,4% nesta nova pesquisa de outubro, como pode ser observado no Quadro 6.
Quadro 6: Expectativas em relação à empresa [próximos 3 meses]
4. Empresários mantêm previsão de que as receitas ficarão estáveis no curto prazo; otimismo é maior no médio prazo
Mantendo o padrão das respostas da pesquisa realizada em julho, a maioria dos empresários (50,0%) prevê que, no curto prazo, as receitas devem permanecer constantes. Enquanto isso, apenas 14,3% esperam algum crescimento, conforme pode ser visto no Quadro 7.
Quadro 7: Receita Bruta [próximos 3 meses]
Novamente, para o médio prazo, as expectativas são mais otimistas, com 42,9% dos empresários esperando que as receitas aumentem nos próximos 12 meses. Pode ser observada ainda uma redução no percentual dos empresários, que esperam diminuição das receitas nos próximos 12 meses. Esse percentual teve forte queda, de 34,8%, na pesquisa anterior, para 14,3% nesta nova pesquisa, realizada em outubro.
Quando 8: Receita Bruta [próximos 12 meses]
5. Empresários continuam demitindo
Dos empresários que responderam à pesquisa de sentimento de obras públicas, 50% deles informaram que diminuíram o quadro de funcionários nos últimos 12 meses. De toda forma, tal número é inferior ao dado de julho quando 69,6% dos empresários disseram que demitiram no período, indicando que o processo de redução de mão-de-obra começa a perder fôlego.
Por outro lado, 42,9% disseram que mantiveram estável o quadro e apenas 7,1% amentaram, como pode ser visto no Quadro 9.
Quadro 9: Número de funcionários [últimos 12 meses]
Como todos sabem, a economia brasileira passou e ainda passa por elevado ajuste no mercado de trabalho desde o início de 2015. Segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho, mais de 2,2 milhões de pessoas perderam o emprego com carteira de trabalho no período. E como podemos ver no Quadro 9, o setor que engloba as empresas de obras públicas do Estado de São Paulo não passou ileso por este processo.
Para os próximos 12 meses, 35,7% dos entrevistados admitiram que ainda devem continuar reduzindo o número de funcionários, sugerindo que apesar do processo de ajuste de mão de obra estar perdendo folego, ainda deve continuar nos próximos meses.
Quadro 10: Número de funcionários [próximos 12 meses]
6. Empresários repensam em voltar a investir nos próximos meses
Depois de tempos difíceis, alguns empresários de obras públicas, que já vislumbravam aumentar o nível de investimento nos próximos meses, estão repensando a estratégia. Comparado à pesquisa anterior, em que 26,1% dos empresários afirmaram que os investimentos aumentariam em 12 meses, este número caiu para 14,3% na pesquisa de outubro, como mostra o Quadro 11.
Quadro 11: Investimentos da empresa em equipamentos [próximos 12 meses]
Quadro 12: Investimentos da empresa em equipamentos [próximos 3 meses]
Tanto para o curto prazo (próximos 3 meses) quanto para o médio (próximos 12 meses), o percentual de empresários que pretendem não alterar os investimentos no futuro aumentou nesta nova pesquisa. Para os próximos 12 meses, o número, que antes era 39,1%, passou para 57,1%. Já para três meses, a perspectiva de manter estáveis os investimentos é ainda maior, de 47,8% para 71,4%, como indicado no Quadro 12.
7. Executivos relatam piora no mercado de crédito
Em relação ao mercado de crédito, 57,1% dos empresários afirmam que as condições de crédito na economia pioraram para sua empresa nos últimos 12 meses, como mostra o Quadro 13.
Quadro 13: Acesso ao crédito [últimos 12 meses]
Tal relato das empresas é compatível com os dados do mercado de crédito divulgados pelo Banco Central que mostra que os bancos continuam aumentando os spreads para se proteger do aumento da inadimplência, e as concessões de crédito seguem em queda.
8. Inadimplência do setor público se mantêm
A atual crise econômica com a consequente queda na arrecadação deteriorou ainda mais as contas públicas, tanto do governo federal, como dos Estados e municípios, como pode ser visto com a grave crise que afeta alguns desses entes subnacionais. De toda forma, a pesquisa realizada em outubro apresenta uma mudança bem pequena nas respostas quando comparadas com a pesquisa realizada em julho.
Dos empresários entrevistados, 71,4% afirmaram que estão tendo problemas de inadimplência, ante 73,9% na pesquisa realizada em julho. Desses empresários, 30% afirmaram que a inadimplência é principalmente do Estado de São Paulo, 20% da prefeitura de São Paulo e 50% de outros entes. São citados o governo federal e diversas prefeituras.
Quadro 14: Inadimplência do setor público
9. Eleição de João Dória deixa empresários mais otimistas em relação à cidade de São Paulo
Quando questionados sobre o mercado de obras públicas diante da eleição de João Doria para prefeitura de São Paulo, 50% dos empresários acreditam que este resultado irá ampliar oportunidades no setor. 43% acreditam que irá depender do comportamento da economia e apenas 7% dos empresários acreditam que não haverá mudanças. Um dado interessante é que nenhum dos empresários que responderam o questionário acredita que a eleição de Doria irá reduzir oportunidades, como pode ser visto no Quadro 15, indicando que o prefeito eleito possui relativa confiança dentre os empresários do setor.
Quadro 15: Expectativas em relação a eleição de Dória para o setor