POR JARBAS DE HOLANDA
Se o ministro relator da Lava-Jato no STF, Edson Fachin, homologar a segunda denúncia contra o chefe do governo – o que, confirmando-se, está previsto para quarta-feira – a última tentativa do procurador-geral Rodrigo Janot de interrupção do mandato presidencial de Michel Temer dominará as manchetes e destaques da mídia nos dias seguintes. Voltando a gerar incertezas sobre a estabilidade político-institucional, em escala menor que a provocada pela primeira mas também com reflexos negativos para a economia em face do potencial que tem de acentuar as dificuldades do Executivo na viabilização de medidas e projetos para o enfrentamento da crise fiscal, para as privatizações e para reformas essenciais como a da Previdência.
Num contexto de sinais bem mais claros agora do que em maio (na primeira denúncia) de retomada do crescimento, no qual o conjunto do mercado sofrerá influência pequena de tais efeitos. Mas que se configurarão de novo, e com implicações muitos negativas, por meio do alto custo parlamentar da rejeição da segunda denúncia. A traduzir-se em negociação muito cara do Palácio do Planalto com parte da base governista (partidos do chamado Centrão) para a referida rejeição e para o respaldo à agenda reformista do Executivo. Em meio ao reforço de resistências corporativas à reforma da Previdência (cujo bloqueio é um objetivo adicional do procurador Rodrigo Janot).