São Paulo, 10/10/2016 – O prefeito Fernando Haddad (PT) quer usar os últimos meses de sua gestão para correr com obras consideradas prioritárias por ele e inaugurar ao menos uma parte delas até dezembro. Nessa lista estão os oito CEUs em construção, ao custo total de R$ 319,8 milhões, segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.
Em 2013, o petista se comprometeu a entregar 20 e até agora só cumpriu a promessa com o CEU Heliópolis, na zona sul. Na campanha, foi cobrado por Marta Suplicy (PMDB) pelo atraso.
Na área da saúde, a prioridade é acelerar a construção do Hospital Municipal de Parelheiros, no extremo sul, para que o petista possa inaugurar ao menos uma das alas do futuro equipamento – o projeto teve início em fevereiro de 2015. A unidade de Brasilândia ficou para 2017.
Segundo o Estadão, Haddad deve repetir a gestão Marta Suplicy, que também iniciou a construção de dois hospitais, mas acabou repassando a inauguração para um tucano: José Serra. Os dois já custaram R$ 364 milhões. Há expectativa ainda no setor da mobilidade urbana. Até dezembro, a atual gestão espera conseguir entregar ao menos um trecho do corredor de ônibus Leste-Itaquera, que tem 72% dos serviços executados, conclui o jornal.
Na visão de Carlos Melo, cientista político e professor do Insper, Haddad, do ponto de vista eleitoral, houve uma impressão geral de que ele teve pouco o que mostrar em relação à realização de obras. Ele, provavelmente, vai deixar muitos projetos e muitas obras engatilhadas para que seu sucessor, que era seu adversário, inaugure. “Sob a perspectiva eleitoral, talvez essa postura de Haddad tenha sido um erro. Do ponto de vista de gestão, no entanto, talvez seja algo inédito a ser ressaltado. Na política brasileira, infelizmente, o normal seria acelerar as obras no fim de uma gestão, correndo o risco de ficar malfeito. A atitude de Haddad, de não acelerar obras e realizações em função do calendário eleitoral é, talvez, uma atitude que o distinga”, afirma Melo.
David Abreu – david.abreu@goassociados.com.br