O resultado da produção industrial de agosto foi pontual e deve ser revertido, pelo menos em parte já no próximo mês. Esta é a opinião de Luiz Castelli, economista da GO Associados. Em artigo para o Relatório Executivo desta semana, Luiz mostra que, apesar da queda de 3,8% no mês em relação ao mês de julho ter mais do que compensado a alta acumulada dos cinco meses anteriores, de 3,7%, indicadores antecedentes permitem uma avaliação mais otimista do setor.
Os dados divulgados pelo IBGE na semana passada mostram que a queda de agosto fez a indústria retroceder ao menor nível de dezembro de 2008 e levantou dúvidas se de fato a economia brasileira está em processo de recuperação ou se o país continuará em processo de retração por mais tempo. “Trata-se de um evento pontual e a trajetória, apesar de lenta, é de recuperação”, afirma Luiz.
A divulgação de alguns indicadores antecedentes para o setor referente ao mês de setembro reforça sua opinião. Na semana passada foi divulgada a produção de veículos do mês passado, pela Anfavea. Segundo dados dessazonalizados pela GO Associados, a produção subiu 19,1% em setembro, devolvendo praticamente toda a queda de 16,4% registrada em agosto. “A forte alta da produção de veículos do mês de setembro reflete o restabelecimento da normalidade nas unidades que tiveram problemas com paralisação no mês passado”, afirmou.
Além disso, a FGV mostrou que a confiança dos empresários industriais e a utilização da capacidade instalada do setor, apesar de ainda estar em patamar bastante deprimido, também voltaram a subir em setembro. “Corroboram para tal perspectiva o fato de o dólar continuar em um patamar relativamente depreciado, o que ajuda as exportações do setor. Ainda, diante do início de um processo de queda dos juros, espera-se que haja um estímulo para a atividade doméstica”, lembrou.
“Diante de tais evidências e com vários indicadores antecedentes ainda a serem divulgados, é razoável acreditar que a produção em setembro já devolverá parte da queda registrada em agosto”, afirmou. A GO Associados estima alta de 1,8% na produção industrial no mês.
Rafael Oliveira – rafael.oliveira@goassociados.com.br