POR JARBAS DE HOLANDA
A segunda denúncia do ex-procurador geral Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer e seu governo, que começa a tramitar na Câmara dos Deputados, é avaliada como tendo chances de acolhimento ainda menor que a primeira, devendo ser rejeitada por placar igual ou mais largo, na segunda quinzena de outubro. Mas o debate em torno dela (iniciado com tentativa de fatiamento para separação das acusações específicas contra os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco, usada para a busca de maiores espaço e custo da barganha de parlamentares do Centrão) já lhe garante efeito político bem deletério. O de dificultar, mais uma vez, como ocorreu em maio no lançamento da primeira denúncia, o encaminhamento no Congresso, para valer por parte do Executivo, da PEC da Previdência. Já retardada pela indefinição até agora de mudanças nas regras partidárias e eleitorais para os pleitos de 2018.
Esse novo bloqueio ao passo constitucional mais relevante para o indispensável reequilíbrio das contas públicas do país afeta negativamente as perspectivas dos agentes do mercado financeiro (em particular dos investidores) quanto ao prazo e o alcance de uma retomada consistente do crescimento de nossa economia. O que explica parte da significativa queda do Ibovespa na manhã de hoje – de mais de 1%, para menos de 74.500 pontos (após ter chegado perto dos 76 mil duas semanas atrás). Isso na contramão da projeção semanal do boletim Focus sobre o curto prazo (o fim de 2017): inflação de 2,97% e aumento do PIB, de 0,6% para 0,68%, com dólar menor, de R$ 3,16, e manutenção da Selic de 7%.